Lobo Antunes afirma que ninguém lhe chega aos calcanhares (penso numa rima com Miguel Sousa Tavares); Sousa Tavares salienta o facto de nunca o terem abordado para falar mal de "Equador" e, cândido, não encontra outra razão que não seja a qualidade excepcional do mesmo. Saramago, demiurgo de Lanzarote, vive num estado de dormência profética com incensos de Nobel. Vasco Pulido Valente está zangado. Cronicamente zangado. Ora, uma boa ideia seria reunir estes quatro senhores para um jantar. Uma reunião singela. Uns copos, apesar da aparência monástico-abstémia do Nobel. Um tal encontro caberá nas páginas de um ficcionista do futuro. Eu, mais perversamente, tenho pensado na eventual forma e tamanho dos falos dos senhores. Será a de Saramago uma península rude e ibérica? Uma orgia de vírgulas? Será que o caçador Sousa Tavares dispara o zagalote mas esconde uma fraqueza Hemingwayana? Será Lobo Antunes dono de uma ínfima ternura? E Vasco Pulido Valente? Que segredos escondem aquelas calças rezingonas? Desculpem-me se reduzo magnas questões literárias a um mero cotejo de pilas, mas se damas fossem estes senhores muito já teria sido escrito sobre clítóris, menstruações e histerismos, muita cama e pouca cama, putedos e tal. E isto pouco mais é do que uma cock fight.
terça-feira, 6 de novembro de 2007
Escola Segura
Não consegui encontrar a minha escola no ranking. Cheguei ao 300 e desisti. Abaixo disso nem ser autodepreciativo me pode salvar. Talvez um bocadinho de orgulho por ter estudado numa escola inclassificável and yet...mas isso levaria a outras lembranças, ao ruminar de todas as humilhações, das vezes em que me chamaram cabeçudo, das vezes em que escorreguei na lama depois de apalpar o rabo de uma colega (foi uma única vez, é certo, mas era Janeiro - o que é que me deu para apalpar rabos em pleno Inverno? - e fiquei todo sujo de lama e de raiva, e a minha casa era demasiado longe para poder mudar de calças e fui para a aula de Inglês - Summary: - gelado e pensativo, fulminado pelo olhar vitorioso da dona de um rabo que nem valia a pena numa idade em que, a verdade é essa, todos os rabos que se possam apalpar valem a pena), das vezes em que levantei o braço para dar uma resposta errada. Chega. Tanta miséria bem que merece um lugar nas profundezas do ranking.
sexta-feira, 2 de novembro de 2007
Já muito tarde: uma teoria sobre o potencial sócio-económico e alcoólico de jovens oriundos da Margem Norte do Tejo
Para todos os eventuais stalkers, este rapaz chama-se Alfredo Rebocho e o mail é alfre.rabocho@gmail.com .
Pausa publicitária
Servem os seguintes posts publicitar o espaço comercial Pop Arte Bar, localizado na vila característica de Alcochete. Vila de tradições tauromáquicas e salineiras, Alcochete é também um dos lugares da moda, graças ao Freeport, à Academia do Sporting e à caipirinha (também disponível a caipirónica) do Pop Arte Bar. Foi assim a nossa Noite das Bruxas, uma festa organizada em colaboração com estes senhores, a quem desde já e apoliticamente agradecemos:
terça-feira, 30 de outubro de 2007
JMF meets Scwharzenegger (grafia incorrecta)
José Manuel Fernandes menciona no editorial de hoje a personagem de Arnold Schwarzenegger (vou ali ao google e já venho)
no filme A Verdade da Mentira. Empresta-lhe um bonito efeito (tal como Michael Madsen em Donnie Brasco). O texto que, até à fatídica linha, questiona o sistema de escutas em Portugal adquire uma dimensão onírica, surreal e, segundo alguns exegetas, estúpida (tal como toda a obra dos Irmãos Farrely). Diria que estamos perante um editorial vanguardista. A referência é aparentemente absurda mas, contextualizada, tem alguma coerência. É como se José Manuel Fernandes estivesse a imitar alguém que se apercebe estar sob escuta e resolvesse despistá-los com referências absurdas (Charlton Heston em Os Dez Mandamentos ou Victor Mature em Sansão e Dalila). É um novo caminho que se abre não apenas ao nível da redacção de editoriais mas sobretudo ao nível da literatura (penso em Shattered Glass ou His Girl Friday). Um estilo que irá influenciar toda uma geração e eu não quero perder o comboio (Brief Encounter de David Lean).
no filme A Verdade da Mentira. Empresta-lhe um bonito efeito (tal como Michael Madsen em Donnie Brasco). O texto que, até à fatídica linha, questiona o sistema de escutas em Portugal adquire uma dimensão onírica, surreal e, segundo alguns exegetas, estúpida (tal como toda a obra dos Irmãos Farrely). Diria que estamos perante um editorial vanguardista. A referência é aparentemente absurda mas, contextualizada, tem alguma coerência. É como se José Manuel Fernandes estivesse a imitar alguém que se apercebe estar sob escuta e resolvesse despistá-los com referências absurdas (Charlton Heston em Os Dez Mandamentos ou Victor Mature em Sansão e Dalila). É um novo caminho que se abre não apenas ao nível da redacção de editoriais mas sobretudo ao nível da literatura (penso em Shattered Glass ou His Girl Friday). Um estilo que irá influenciar toda uma geração e eu não quero perder o comboio (Brief Encounter de David Lean).
Crónica 5
Estive quase a escrever um post sobre o meu mais recente projecto cinematográfico cuja acção decorre na secção de higiene íntima ("toda a higiene é íntima", Céline) do Carrefour de Telheiras ("Carrefour de Telheiras"). O guião tem um toque lynchiano porque, num ápice, a acção desloca-se para o Lidl do Montijo, onde um gerente anão comanda uma equipa de romenos ilegais, berrando prussianamente do alto de uma caixa de cerveja. No entanto, e por uma questão ética e de preguiça, tive por bem reproduzir a minha última crónica para a Atlântico:
Façam filhos! Façam muitos filhos!
Nos dias de hoje, não percebo as razões que levam um casal a ter uma quantidade medieval de filhos. Será que planeiam invadir Espanha? Querem o estatuto de freguesia do interior? Acreditam mesmo que a nossa missão é povoar o mundo? E se acreditam, será que o exemplo do Seixal não os desencoraja? Confesso que, de acordo com os parâmetros das famílias numerosas, eu não passo de um mísero desperdiçador de esperma. Casado há quatro anos tenho um único filho. É por sujeitos como eu que o Ocidente está ameaçado pela pujança reprodutiva dos muçulmanos, dos asiáticos, dos africanos e de toda essa gente que encontra inspiração no poderoso afrodisíaco que é a mistura entre crenças religiosas e preocupações demográficas. Todos nós, em nome do Modelo Social Europeu, da sobrevivência da Segurança Social e dos valores judaico-cristãos deveríamos procriar ferozmente. Toda aquela conversa que ouvíamos sobre explosão demográfica é para esquecer. O mundo aguenta com mais uns portugueses em cima. Entre discussões e pedidos de empréstimo por telefone teremos de encontrar tempo para salvar o planeta. Não há nada de primitivo nesta missão. É um projecto racional. Contra o malthusianismo, contra o modelo burguês de família pós-pílula, por uma família de proporções bíblicas, por uma família que seja mais do que uma família, por uma família que seja um clã. Contras? Está socialmente provado que dois filhos são perfeitamente capazes de arranjar problemas com as partilhas. Até um pode ser suficiente, desde que seja esquizofrénico. Para quê fazer mais? Ainda pior: ter muitos filhos começa a ser uma espécie de novo novo-riquismo social. Em vez de casacos de peles e carros amarelos, muitos filhos e com muitos nomes e ainda mais apelidos. Dois filhos, o casalinho, é o pesadelo suburbano que qualquer pessoa de bem quer evitar. Por isso temo bem que estes não sejam os melhores tempos para os esbanjadores de sémen, descendentes (?) de Onan. Chegará o dia em que o governo do Engenheiro Sócrates deportará os casais com dois filhos para a Arrentela. Comboios do Metro Sul do Tejo a abarrotar (finalmente) de funcionários públicos agarrados às suas Tatianas Carinas e aos seus Brunos Renatos. Acreditem que nenhum interesse obscuro me move contra as famílias numerosas. Acontece que sofro de uma reacção alérgica à própria expressão. Eu tolero famílias numerosas desde que os seus membros estejam harmoniosamente distribuídos pelo continente, ilhas e comunidades emigrantes. Mas em regime de coabitação, “família numerosa“ lembra-me “Feios, Porcos e Maus”, ajustes de contas entre mafiosos, dezenas de indivíduos de etnia cigana à porta das urgências do Santa Maria, ou seja, promiscuidade, crime e agressões a auxiliares médicos. Ah, que se lixe o Modelo Social Europeu!
Nos dias de hoje, não percebo as razões que levam um casal a ter uma quantidade medieval de filhos. Será que planeiam invadir Espanha? Querem o estatuto de freguesia do interior? Acreditam mesmo que a nossa missão é povoar o mundo? E se acreditam, será que o exemplo do Seixal não os desencoraja? Confesso que, de acordo com os parâmetros das famílias numerosas, eu não passo de um mísero desperdiçador de esperma. Casado há quatro anos tenho um único filho. É por sujeitos como eu que o Ocidente está ameaçado pela pujança reprodutiva dos muçulmanos, dos asiáticos, dos africanos e de toda essa gente que encontra inspiração no poderoso afrodisíaco que é a mistura entre crenças religiosas e preocupações demográficas. Todos nós, em nome do Modelo Social Europeu, da sobrevivência da Segurança Social e dos valores judaico-cristãos deveríamos procriar ferozmente. Toda aquela conversa que ouvíamos sobre explosão demográfica é para esquecer. O mundo aguenta com mais uns portugueses em cima. Entre discussões e pedidos de empréstimo por telefone teremos de encontrar tempo para salvar o planeta. Não há nada de primitivo nesta missão. É um projecto racional. Contra o malthusianismo, contra o modelo burguês de família pós-pílula, por uma família de proporções bíblicas, por uma família que seja mais do que uma família, por uma família que seja um clã. Contras? Está socialmente provado que dois filhos são perfeitamente capazes de arranjar problemas com as partilhas. Até um pode ser suficiente, desde que seja esquizofrénico. Para quê fazer mais? Ainda pior: ter muitos filhos começa a ser uma espécie de novo novo-riquismo social. Em vez de casacos de peles e carros amarelos, muitos filhos e com muitos nomes e ainda mais apelidos. Dois filhos, o casalinho, é o pesadelo suburbano que qualquer pessoa de bem quer evitar. Por isso temo bem que estes não sejam os melhores tempos para os esbanjadores de sémen, descendentes (?) de Onan. Chegará o dia em que o governo do Engenheiro Sócrates deportará os casais com dois filhos para a Arrentela. Comboios do Metro Sul do Tejo a abarrotar (finalmente) de funcionários públicos agarrados às suas Tatianas Carinas e aos seus Brunos Renatos. Acreditem que nenhum interesse obscuro me move contra as famílias numerosas. Acontece que sofro de uma reacção alérgica à própria expressão. Eu tolero famílias numerosas desde que os seus membros estejam harmoniosamente distribuídos pelo continente, ilhas e comunidades emigrantes. Mas em regime de coabitação, “família numerosa“ lembra-me “Feios, Porcos e Maus”, ajustes de contas entre mafiosos, dezenas de indivíduos de etnia cigana à porta das urgências do Santa Maria, ou seja, promiscuidade, crime e agressões a auxiliares médicos. Ah, que se lixe o Modelo Social Europeu!
(crónica publicada na Revista Atlântico nº tal e gentilmente editada pelo autor para o blog Pop Arte Bar by Bruno Vieira Amaral)
sábado, 27 de outubro de 2007
sexta-feira, 26 de outubro de 2007
Não se esqueçam...
...que amanhã e no Domingo temos livros pá troca no Pop Arte Bar. A wikipedia informa que há mais de dez anos que ninguém lê um livro na Margem Sul e que a última pessoa que tentou fazê-lo foi imediata e consecutivamente fulminada por um raio, atropelada por um autocarro dos TST conduzido por um ucraniano, tendo por último recebido um envelope das Finanças dentro do qual algum funcionário menos zeloso colocou um boletim do Euromilhões e um bilhete com a seguinte frase: "heide (sic) matar-te, puta!".
quarta-feira, 24 de outubro de 2007
Alexandre Abramovich Valente
O DN noticia que o filme Corrupção vai estrear sem realizador. Não é uma má notícia. A maior parte dos filmes portugueses sofre de um incurável "excesso de realizador". O que nós vemos é sempre o director's cut, que é aquela coisa que no resto do mundo sai em dvd com vinte minutos de cenas sensatamente cortadas. O produtor do filme, Alexandre Valente, não gostou da versão do realizador e resolveu alterá-la. Segundo consta, o filme de João Botelho tinha mamas a menos e Bach a mais. Tem razão o Valente. Um filme sobre Carolina Salgado sem sexo seria tão estranho como um filme pornográfico com diálogos de David Mamet. Há mais: para os realizadores portugueses o produtor é uma espécie de intermediário entre subsídios estatais e o génio do artista. Um mecenas com dinheiro alheio. Alexandre Valente, com pouca vocação para filantropo, preocupa-se com a "eficácia comercial". Não quer perder dinheiro, o capitalista. Resta-me uma pergunta: como é que alguém preocupado com a eficácia comercial de um filme contrata o João Botelho?
Sobre o trabalho de Pedro Santos
É uma obra carregada de perplexidades sobre a condição humana e outras merdas assim. Alguns críticos inserem-na em correntes pós-modernas, outros associam-na a artistas como Cindy Sherman ou Arlinda Mestre. A verdade é que poucos artistas se atreveriam a expor num local em que a caipirinha está a três euros e cinquenta cêntimos e onde o café quase sempre sai queimado.
Choque tecnológico
É bom saber que há adolescentes interessados naquilo que a escola tem para oferecer. Aqui.
Fotografias de Pedro Santos
O pop arte bar vai acolher (e acariciar subrepticiamente) uma pequena amostra do trabalho do fotógrafo Pedro Santos. Se não sabem quem é, venham até Alcochete e descubram (eu já lhe pedi uma biografia, prometi fazer um link mas ele é um artista e está a fazer tudo para se comportar como tal). A exposição será inaugurada um destes dias e estará patente durante algum tempo. Estão todos convidados à excepção de trotskistas com mais de duas parafilias. O porteiro também não gosta muito de investigadores em biotecnologia.
segunda-feira, 22 de outubro de 2007
A vida como ela é...
Nelson Rodrigues era um depravado e uma má influência. Os seus livros têm tanto adultério que quase empurram um homem para o celibato.
Spam: Sábado e Domingo este é um dos livros que levo para a troca.
Spam: Sábado e Domingo este é um dos livros que levo para a troca.
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