quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Alexandre Abramovich Valente


O DN noticia que o filme Corrupção vai estrear sem realizador. Não é uma má notícia. A maior parte dos filmes portugueses sofre de um incurável "excesso de realizador". O que nós vemos é sempre o director's cut, que é aquela coisa que no resto do mundo sai em dvd com vinte minutos de cenas sensatamente cortadas. O produtor do filme, Alexandre Valente, não gostou da versão do realizador e resolveu alterá-la. Segundo consta, o filme de João Botelho tinha mamas a menos e Bach a mais. Tem razão o Valente. Um filme sobre Carolina Salgado sem sexo seria tão estranho como um filme pornográfico com diálogos de David Mamet. Há mais: para os realizadores portugueses o produtor é uma espécie de intermediário entre subsídios estatais e o génio do artista. Um mecenas com dinheiro alheio. Alexandre Valente, com pouca vocação para filantropo, preocupa-se com a "eficácia comercial". Não quer perder dinheiro, o capitalista. Resta-me uma pergunta: como é que alguém preocupado com a eficácia comercial de um filme contrata o João Botelho?